A
escola possui Conselho Escolar e CPM escolhidos pela comunidade
escolar por votação, tendo representantes de todos os segmentos da
escola. Nosso CPM e o Conselho Escolar reúnem-se uma vez por mês,
mas quando há necessidade, encontram-se extraordinariamente. O
Conselho Escolar atual, eleito em 2012, conta com 3 pais, 3 alunos, 3
professores e 3 funcionários. O CPM, também escolhido por votação
na escola em 2012, conta com 10 pais de alunos e 2 professoras.
Penso
que a escola poderia estar mais aberta a participação e as novas
ideias da comunidade, numa discussão mais democrática sobre as
demandas da escola, de acordo com Ilma Passos, a gestão democrática implica em uma mudança de postura e valores.
“A
gestão democrática implica principalmente o repensar da estrutura
de poder da escola, tendo em
vista
sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da
participação coletiva, que atenua o
individualismo;
da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que
supera a opressão; da
autonomia,
que anula a dependência de órgãos intermediários que elaboram
políticas educacionais das quais
a
escola é mera executora.” (Passos, 1998)]
Sobre
o Regimento Escolar e o Projeto Político Pedagógico da nossa
escola, percebi a diferença entre eles após as leituras no curso de
Pedagogia e após as pesquisas feitas na escola. Nosso regimento tem
por objetivo padronizar as escolas do município, fazendo com que
desta forma, um aluno que saia de uma determinada escola e vá para
outra, tenha um currículo em comum. O regimento são as normas
comuns a todas as escolas da rede.
Já
o PPP é o que dá a “cara” da nossa escola; é o que nos
diferencia das outras. Muito justo já que as comunidades escolares
são diferentes umas das outras. Então, para se montar um PPP é
preciso estar dentro da lei, respeitando o regimento escolar, mas
conhecer a comunidade em que está inserida a escola. Não tem como
fazer isso sem trazer a comunidade para dentro da escola e fazer uma
conversa para conhecer as demandas dessa população.
“As
novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de
correlações
de força – às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão
que
nascer
no próprio "chão da escola", com apoio dos professores e
pesquisadores.
Não
poderão ser inventadas por alguém, longe da escota e da luta da
escota.”
(grifos
do autor) (Freitas 1991, p. 23)
Lembro-me
que participei de reuniões e de pesquisas feitas pela equipe
diretiva, mas como a maioria dos meus colegas de trabalho, não dei
muita atenção aos fatos pois para mim era apenas mais uma
burocracia que precisava ser cumprida e engavetada, como tantas
outras. Não tinha ciência de que o PPP pode e deve ser alterado
quando necessário, para atender as necessidades da comunidade
escolar. Na verdade, descobri que o nosso PPP é revisado e alterado
a cada 2 anos, sendo 2014 o ano para a nova reestruturação do nosso
PPP.
“o
projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de
planos
de
ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é
construído e em seguida arquivado ou
encaminhado
às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas
burocráticas. Ele é
construído
e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o
processo educativo da
escola.(Passo,
1998)
Então
fiz uma pesquisa entre meus colegas de trabalho para saber o que eles
conheciam a respeito do nosso PPP. Não foi surpresa para mim
constatar que nenhum funcionário da escola e nenhum dos pais que
entrevistei conhecia seu conteúdo e apenas 3 colegas professores
deram alguma opinião sobre o nosso PPP.
O
primeiro professor a comentá-lo (professor de Educação Física)
apenas reivindicou que ele contemplasse o ensino de música na
escola, enquanto currículo.
A segunda
professora, da EJA, séries iniciais, disse o seguinte:
“De
maneira bem rápida, posso te dizer que a filosofia da Escola Fraga
sempre é usada por mim para trabalhar em sala de aula com os alunos
da EJA, porque ela é muito bonita de sentido! E clara, na escrita.
Ajuda a gente a discutir o que é e para quê pode servir este
retorno aos estudos. Porém, este ano, nas oportunidades de
paralisação nacional, ficou bem claro que nossa linda filosofia não
passa do papel e que a vivência de cidadania, embora tenha que ser
trabalhada por cada um de nós, não é para ser 'vivido'. Fiquei com
uma enorme pulga atrás da orelha e estou repensando esta escrita.
Agora, se eu fosse ler o nosso PPP, na íntegra, como tive que fazer
com o PPP da EMEI em que atuo, talvez, outros aspectos me chamassem a
atenção.”
A
terceira professora me colocou suas ideias da seguinte forma:
”Acredito
que falte uma lista de ações a ser tomadas com os alunos que não
respeitam as regras, os colegas e os professores. Assim como, a leis
no nosso cotidiano, as medidas sócios educativas deveriam levar os
alunos a mudarem seu comportamento, pois o "não dá nada"
nunca esteve em tão em voga como atualmente.”
A
nossa orientadora também fez questão de salientar que “o
ponto mais importante é o momento da construção do PPP quando
todos os segmentos da Escola são envolvidos. E o que falta ser
contemplado neste documento ainda é a efetivação do mesmo por todo
o grupo ou seja, colocá-lo em prática” e
a nossa supervisora completou dizendo que “o
ponto mais importante foi a confecção dele, porque a essência do
que consta nele foi retirada das pesquisas que foram todas tabeladas
e levadas em consideração na hora de colocar o PPP no papel. Então
somente transcrevi os anseios, os sonhos, a realidade de nossa
comunidade escolar.
Na
minha opinião, o que falta não é no documento, mas sim no
comprometimento de TODOS os profissionais envolvido em nossa escola
para que tudo o que almejamos seja realmente cumprido”.
“Todo
projeto supõe rupturas
com
o presente e
promessas para
o futuro. Projetar
significa
tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um
período
de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
promessa
que
cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo
pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As
promessas
tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus
atores
e autores. “(Gadotti1994, )
Depois
destas falas, resolvi dar uma olhada no nosso PPP e vi como esse
documento é importante e como ele rege as nossas ações dentro da
escola. Nele há o histórico da escola e da comunidade, a filosofia,
os objetivos, as finalidades, as atribuições de cada membro desta
comunidade, os direitos e deveres de cada segmento, o currículo, as
linhas metodológicas, os recursos, os projetos, as metas, as ações,
as avaliações... enfim, é de fato um documento de respeito, pela
complexidade que se tem para elaborá-lo a partir das pesquisas e da
colaboração e participação de todos os envolvidos de cada
segmento. É muita gente para se conhecer, pesquisar, conversar e
tirar dali a gestão do espaço, dos recursos e do andamento,
dia-a-dia de um espaço que deve promover a inclusão social e a
educação como ferramenta para a realização de um mundo melhor e
de uma vida mais justa para todos.
Encerro
a minha fala me dando conta de que temos que ser mais responsáveis
com o trabalho que realizamos e com os documentos que lidamos. Somos
seres críticos e devemos ser mais atuantes também naquelas etapas
difíceis e árduas do nosso trabalho. Só assim poderemos de fato
nos sentir cidadãos nesta comunidade escolar e no mundo. Nossas
escolhas e nossas ações fazem sim a diferença!
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