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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Referencial Teórico

GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da Conferência Nacional deEducação para Todos. Brasília, 28/8 a 2/9/94.

FREITAS, Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra proferida no VII SeminárioInternacional de Alfabetização e Educação. Novo Hamburgo, agosto de 1991

VEIGA, Ilma Passos da. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva. In: VEIGA, IlmaPassos da (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1998.p.11-35.

Observação

A Família parceira concedeu permissão de uso de imagem e que fosse divulgado seus nomes.

Mapeando a Escola Parceira

Mapa do caminho entre a escola, a casa da família parceira, e a minha casa, é claro, já que faço parte da comunidade escola e da comunidade que compreende a comunidade escolar:


Mapeamento das dependências da escola parceira

LEGENDA:
1 Portão do estacionamento
2 Portão principal
3 Portão do pátio
4 Estacionamento
5 Quadra poliesportiva
6 Sala dos professores
7 Biblioteca, sala da direção, banheiro dos professores
8 Secretaria
9 Sala de recursos, sala da supervisão e coordenação pedagógicas, sala da rádio
10 Depósito
11 Saguão
12 Sala da informática e depósito da banda
13 Sala da classe de apoio e do Mais Educação
14 Corredor com 4 salas de aula
15 Sala da Educação Infantil
16 Deposito
17 Escadaria para o piso superior (embaixo tem o deposito da Educação Fisica e em cima uma salinha que serve para aula de reforço)
18 Embaixo: banheiros, banheiros dos funcionários, cozinha; em cima: salas de aula
19 Embaixo: refeitório; em cima: salas de aula
20 Parquinho do pré e horta escolar
21 Pracinha de pneus
22 Bicicletário e mastro das bandeiras
23 Tanques para escovação de dentes

Conselho Escolar, CPM, PPP e Regimento Escolar

A escola possui Conselho Escolar e CPM escolhidos pela comunidade escolar por votação, tendo representantes de todos os segmentos da escola. Nosso CPM e o Conselho Escolar reúnem-se uma vez por mês, mas quando há necessidade, encontram-se extraordinariamente. O Conselho Escolar atual, eleito em 2012, conta com 3 pais, 3 alunos, 3 professores e 3 funcionários. O CPM, também escolhido por votação na escola em 2012, conta com 10 pais de alunos e 2 professoras.
Penso que a escola poderia estar mais aberta a participação e as novas ideias da comunidade, numa discussão mais democrática sobre as demandas da escola, de acordo com Ilma Passos, a gestão democrática implica em uma mudança de postura e valores.

A gestão democrática implica principalmente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em
vista sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o
individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da
autonomia, que anula a dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas educacionais das quais
a escola é mera executora.” (Passos, 1998)]

Sobre o Regimento Escolar e o Projeto Político Pedagógico da nossa escola, percebi a diferença entre eles após as leituras no curso de Pedagogia e após as pesquisas feitas na escola. Nosso regimento tem por objetivo padronizar as escolas do município, fazendo com que desta forma, um aluno que saia de uma determinada escola e vá para outra, tenha um currículo em comum. O regimento são as normas comuns a todas as escolas da rede.
Já o PPP é o que dá a “cara” da nossa escola; é o que nos diferencia das outras. Muito justo já que as comunidades escolares são diferentes umas das outras. Então, para se montar um PPP é preciso estar dentro da lei, respeitando o regimento escolar, mas conhecer a comunidade em que está inserida a escola. Não tem como fazer isso sem trazer a comunidade para dentro da escola e fazer uma conversa para conhecer as demandas dessa população.
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de luta, de
correlações de força – às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Terão que
nascer no próprio "chão da escola", com apoio dos professores e pesquisadores.
Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escota e da luta da escota.”
(grifos do autor) (Freitas 1991, p. 23)



Lembro-me que participei de reuniões e de pesquisas feitas pela equipe diretiva, mas como a maioria dos meus colegas de trabalho, não dei muita atenção aos fatos pois para mim era apenas mais uma burocracia que precisava ser cumprida e engavetada, como tantas outras. Não tinha ciência de que o PPP pode e deve ser alterado quando necessário, para atender as necessidades da comunidade escolar. Na verdade, descobri que o nosso PPP é revisado e alterado a cada 2 anos, sendo 2014 o ano para a nova reestruturação do nosso PPP.

o projeto político-pedagógico vai além de um simples agrupamento de planos
de ensino e de atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou
encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é
construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da
escola.(Passo, 1998)



Então fiz uma pesquisa entre meus colegas de trabalho para saber o que eles conheciam a respeito do nosso PPP. Não foi surpresa para mim constatar que nenhum funcionário da escola e nenhum dos pais que entrevistei conhecia seu conteúdo e apenas 3 colegas professores deram alguma opinião sobre o nosso PPP.
O primeiro professor a comentá-lo (professor de Educação Física) apenas reivindicou que ele contemplasse o ensino de música na escola, enquanto currículo.
A segunda professora, da EJA, séries iniciais, disse o seguinte: “De maneira bem rápida, posso te dizer que a filosofia da Escola Fraga sempre é usada por mim para trabalhar em sala de aula com os alunos da EJA, porque ela é muito bonita de sentido! E clara, na escrita. Ajuda a gente a discutir o que é e para quê pode servir este retorno aos estudos. Porém, este ano, nas oportunidades de paralisação nacional, ficou bem claro que nossa linda filosofia não passa do papel e que a vivência de cidadania, embora tenha que ser trabalhada por cada um de nós, não é para ser 'vivido'. Fiquei com uma enorme pulga atrás da orelha e estou repensando esta escrita. Agora, se eu fosse ler o nosso PPP, na íntegra, como tive que fazer com o PPP da EMEI em que atuo, talvez, outros aspectos me chamassem a atenção.”
A terceira professora me colocou suas ideias da seguinte forma: ”Acredito que falte uma lista de ações a ser tomadas com os alunos que não respeitam as regras, os colegas e os professores. Assim como, a leis no nosso cotidiano, as medidas sócios educativas deveriam levar os alunos a mudarem seu comportamento, pois o "não dá nada" nunca esteve em tão em voga como atualmente.”
A nossa orientadora também fez questão de salientar que “o ponto mais importante é o momento da construção do PPP quando todos os segmentos da Escola são envolvidos. E o que falta ser contemplado neste documento ainda é a efetivação do mesmo por todo o grupo ou seja, colocá-lo em prática” e a nossa supervisora completou dizendo que “o ponto mais importante foi a confecção dele, porque a essência do que consta nele foi retirada das pesquisas que foram todas tabeladas e levadas em consideração na hora de colocar o PPP no papel. Então somente transcrevi os anseios, os sonhos, a realidade de nossa comunidade escolar.
Na minha opinião, o que falta não é no documento, mas sim no comprometimento de TODOS os profissionais envolvido em nossa escola para que tudo o que almejamos seja realmente cumprido”.
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um
período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa
que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As
promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus
atores e autores. “(Gadotti1994, )

Depois destas falas, resolvi dar uma olhada no nosso PPP e vi como esse documento é importante e como ele rege as nossas ações dentro da escola. Nele há o histórico da escola e da comunidade, a filosofia, os objetivos, as finalidades, as atribuições de cada membro desta comunidade, os direitos e deveres de cada segmento, o currículo, as linhas metodológicas, os recursos, os projetos, as metas, as ações, as avaliações... enfim, é de fato um documento de respeito, pela complexidade que se tem para elaborá-lo a partir das pesquisas e da colaboração e participação de todos os envolvidos de cada segmento. É muita gente para se conhecer, pesquisar, conversar e tirar dali a gestão do espaço, dos recursos e do andamento, dia-a-dia de um espaço que deve promover a inclusão social e a educação como ferramenta para a realização de um mundo melhor e de uma vida mais justa para todos.

Encerro a minha fala me dando conta de que temos que ser mais responsáveis com o trabalho que realizamos e com os documentos que lidamos. Somos seres críticos e devemos ser mais atuantes também naquelas etapas difíceis e árduas do nosso trabalho. Só assim poderemos de fato nos sentir cidadãos nesta comunidade escolar e no mundo. Nossas escolhas e nossas ações fazem sim a diferença!

A Escola Parceira


Conhecendo um pouco a nossa escola parceira, a Escola Fraga


A Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio José de Fraga iniciou suas atividades no dia 21 de março de 1991, recebendo seu nome em homenagem ao 2º Prefeito do município. Atualmente a escola conta com 755 alunos de Educação Infantil, Ensino Fundamental completo e EJA, distribuídos em 3 turnos. Conta com 39 professores, direção, vice-direção, 1 orientadora educacional, 1 supervisora educacional, 8 funcionários, 1 secretária, 1 coordenador do Mais Educação e 9 monitores. Possui classe de apoio, projeto da horta, sala de recursos, oficina de balet, banda marcial, jogos do Mind Lab ( Menteinovadora), projeto Tribos na trilha da cidadania, vereador mirim, entre outros projetos e oficinas. As oficinas do Mais Educação são de capoeira, hip hop, canto e coral, teatro, grafite, percussão, promoção à saúde, esporte na escola e letramento.

Nossa comunidade é bastante diversificada, desenvolvem atividades econômicas na área de curtume, corte de mato e calçados.

Sobre a Família Parceira

A Margarete, filha de pai industriário de fábrica de calçados, é natural de Montenegro, mas morou em vários lugares como Montenegro, Portão, Campo Bom e Scharlau. Teve seu primeiro filho muito cedo, com 14 anos e o Júlio, meu aluno, com 19. Passou muitas dificuldades, pois o pai dos meninos bebia e não queria saber muito de trabalho. Ela, por sua vez, fazia faxinas, porquenão tinha muito estudo, e até precisou se prostituir para poder sustentar os meninos quando não consegui serviço. Tentou fugir dessa situação muitas vezes, mas não conseguia. Quando conseguiu ir para a casa de uns parentes, o ex-companheiro roubou o Júlio e o escondeu por um ano. Durante esse tempo a mãe não teve notícias do filho e não pode saber até hoje o que aconteceu com ele naquele período. Disse que fez exames para ver se o menino, que era tão pequeno na época, não havia sofrido algum tipo de abuso, já que o pai era bêbado, viciado em drogas e não tinha boas companhias. Não descobriu nada. O fato é que o Júlio demorou muito mais do que o normal para aprender a falar e a andar. Ainda hoje faz xixi na cama e tem muita dificuldade em acompanhar os estudos. Inclusive a família tem certeza de que o menino passou do 4º para o 5º ano por pena, pois não fazia nada na aula e não sabia o conteúdo. Ele é um menino muito tímido, franzino, mas briga bastante durante o recreio, envolvendo-se com frequência em confusão.
Margarete veio para Portão há 23 anos, por que aqui vivia uma avó e um tio. A avó morava na frente da casa onde a família parceira vive hoje. Atualmente a avó está em outro bairro e o Bruno, filho mais velho da Margarete, vive com ela. O Júlio admira muito seu irmão mais velho, pois era viciado em drogas e recuperou-se. Hoje trabalha, estuda e comprou recentemente uma moto para ele. O Júlio se espelha muito no irmão e tem ele como figura paterna, pois foi esse irmão que cuidou muitas vezes do Júlio para a mãe poder trabalhar e é o amigo que lhe dá conselhos até hoje.
A família é católica, mas são bem abertos a outras teorias religiosas. E isso é bom, porque há muitas igrejinhas (salões ou templos) pela vila, e ela se dá bem com todos os vizinhos. Margarete conta que até alguns anos atrás todos se conheciam na vila; hoje há muita gente entrando e saindo dali. Poucos são os moradores antigos. Diz que a rua continua até umas propriedades rurais. A rua segue por chão batido e por casas que não tem luz nem água. E que bem lá no fundo ainda moravam umas senhoras descendentes dos Moraes, mas não tem certeza se ainda estão vivas e morando por lá. Muita gente veio morar ali por causa das fábricas de calçados e invadiam as áreas verdes. Mas sua casa é própria e escriturada, e conseguiram comprar um carro melhor para a família, já que para o serviço de vendedor do marido é bastante útil. Mas tudo é uma luta para eles. Tentam dar de tudo aos filhos. Ela tenta compensar as necessidades que os mais velhos passaram quando eram pequenos e tenta dar para a filha tudo o que não teve. Mas preocupam-se demais com a educação das crianças e cobram-lhes o estudo e as tarefas em casa. O casal vive bem e o Júlio respeita muito o padrasto. Pois ele lhe cobra bastante responsabilidade, mas também lhe dá o que precisa, além de conversar muito com ele sobre as coisas que acontecem na família. O casal às vezes vai ao clube Canto Lyra em Estância Velha, já que acham que não há muitas opções de lazer na cidade e que aqui é tudo muito caro. Às vezes visitam alguém ou vão a alguma praça tomar chimarrão, além de acompanhar as crianças nos compromissos do balé e do CTG. Sobre os problemas do bairro, eles sentem vontade de participar de alguma associação. Onde antigamente era o posto de saúde, no centro da vila, hoje foi cedido o espaço para uma associação de bairros ser criada, mas não há ninguém que se disponha a se envolver nesses assuntos. Uma senhora bem ativa no bairro articulava algumas ações, mas candidatou-se a vereadora há anos atrás e se decepcionou com o baixo apoio que recebeu. Seu desgosto foi tanto que até se mudou de lugar. E hoje em dia não há ninguém ali que se desponha a se envolver em “politicagem”, ficando assim o bairro a mercê do esquecimento dos políticos.
Margarete sonha com uma vida melhor. Sonha em voltar a estudar e trabalhar na área de enfermagem, mais especificamente com idosos, pois sente muita pena do jeito como a sociedade trata seus velhos. Sonha em ver seus filhos formados, com profissão e bem sucedidos. Sonha com o fim de alguns conflitos vividos dentro da família e sonha com um país melhor e mais justo para todo mundo.
Foi de fato um prazer conhecer esta família e criar uma parceria, não só de pesquisa e trabalho, mas também de amizade e compromissos mútuos.

Mapa Mental da Família Parceira


A família Parceira


Margarete fazendo 1 aninho junto com seu pai, que fazia 40. Margarete nos seus 15 anos, junto com seu filho Bruno, seus pais e a professora Rosina Strieder.



Os avós maternos, a mãe e o mano mais novo, Júlio, na festa da 1ª comunhão do Bruno. Júlio e Bruno na Praça da Estação.


Morada da Família Parceira


A rua João Luiz de Moraes localiza-se no bairro Estação Portão e foi aberta (recorte no morro) para assentar os antigos trilho do trem que passavam pela cidade. Em meados de 1909, as primeiras famílias que ali chegaram eram de ferroviários. Foram construídas cerca de 6 a 7 casas móveis que eles usavam. Antes disso, eram campos de criação de gado. Existem familiares do João Luiz de Moraes morando ali ainda; uma neta chamada Adriana que possui um brechó na casa da Laci Shcüler. Também é fato que a ocupação maciça e desenfreada ocorreu após 1965, devido à retirada dos trilhos. Esse lugar era conhecido pela cidade como “os trilhos de cima”, havendo “os trilhos de baixo”, local onde fica nossa escola. Os trilhos eram onde viviam as pessoas pobres da cidade. Dizia-se que ali além de pobres viviam muitos “marginais” e devíamos ter cuidado para não passar por lá. Hoje em dia, com o aumento da população, não se menciona mais a localidade como “os trilhos”, nem seus moradores como “trilheiros”, pois há outras vilas mais pobres e problemáticas na cidade. A Rua João Luiz de Moraes, embora muito estreita, já conta com asfalto e luz em quase toda a sua extensão, o posto de saúde na entrada da vila foi reformado e há muitas casas feitas de alvenaria. Esses dados foram colhidos com a ajuda da historiadora da cidade Jussara Prates Santos Girarde.
Seguem imagens da Rua João Luiz de Moraes, local habitado pela minha família parceira.


Margarete em frente a sua casa (rua já asfaltada). Bruno sentado no carro da família em frente a sua casa (rua de chão batido).

A Rua João Luiz de Moraes hoje em dia, já com asfalto, luz e água, mas ainda muito estreita, por causa dos barrancos.


                                   Entrada da Rua João Luiz de Moraes atualmente. 

 O novo posto de saúde para a vila, já em funcionamento.


Margarete e o Júlio juntos com o seu Manoel e a dona Otília, uns dos últimos moradores que moravam na vila desde o inicio da sua ocupação. A dona Otília, hoje já falecida, era irmã da avó da Margarete.



A cidade de Portão no RS

Um pouco de história sobre o nosso lugar


A cidade de Portão, fundada por portugueses mas colonizada por alemães, pertencia ao município de São Sebastião do Caí. Emancipou-se em 09 de outubro de 1963. Recebeu esse nome por ser conhecido na localidade um grande portão que separava o gado das plantações do linho cânhamo. Hoje possui aproximadamente 30920 habitantes, numa área de 159,894 km² (dados do IBGE), e é dividido em 9 grandes bairros: Estação Portão, Portão Velho, Vila Rica, Rincão do Cascalho, Centro, Portão Novo, San Ciro, São Jorge e Parque Netto, além das localidades do interior.
Mapa dos limites de Portão trabalhado na escola. Imagem da antiga estação de trem e dos trilhos que passava pela cidade e alavancou o povoamento da região (localidade próxima a região em que está a rua João Luiz de Moraes).